sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Resenha: "Gente Pobre" (Fiódor M. Dostoiévski, 1846)


Ed. 34 (2009): 192 páginas
Quem tem medo de ler obras clássicas? E se essa obra clássica for de um escritor russo? O medo aumenta?  Então tenho boas notícias: li a obra "Gente Pobre", de Fiódor Dostoiévski e sobrevivi!! E, melhor ainda, gostei!! Queres saber como isto aconteceu? Vou te contar algumas pequenas coisas, só para teres ideia, pois saber mesmo só quando leres a obra. É uma sensação maravilhosa quando quebramos o mito das leituras inacessíveis. Eu garanto!

Para começar, vamos falar de Fiódor Dostoiévski, conhecido pelos romances "Crime e Castigo" e os "Irmãos Karamazóv" (deixemos essas obras para o futuro… neste momento daremos pequenos passos, certo?). Nascido em Moscou (Rússia), no dia 30 de outubro de 1821, filho de um médico que fora assassinado por seus próprios serviçais de sua pequena propriedade rural em 1839, sendo que no ano anterior sua mãe morrera de tuberculose. Assim, aos 18 anos, nosso escritor é órfão  e está fazendo parte da Escola de Engenharia Militar de São Petesburgo, na qual engressara em 1838.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Projeto Ler é Viver visitou a Bienal !

23ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo: no olhar de quem a visitou.

Estive em São Paulo entre os dias 23 e 25 de agosto e, como amante da literatura, não pude deixar de visitar a Bienal do Livro.

A Bienal reúne as principais editoras, livrarias e distribuidoras do país. São cerca de 480 expositores participantes que apresentarão para 800.000 visitantes seus mais importantes lançamentos em um espaço total de 60.000 m².

O evento, realizado no período de 22 a 31 de agosto, conta com uma programação abrangente e diversificada, mesclando literatura com diversão, negócios, gastronomia e cultura.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Resenha: "Memórias de minhas putas tristes" (Gabriel García Márquez, 2004)

Record (2005), 132 páginas
"No ano que completei noventa anos, quis presentear-me com uma noite de amor louco com uma adolescente virgem".

É assim, sem a menor cerimônia, que Gabriel García Márquez apresenta a história do solitário jornalista de um jornal provinciano que, ao completar 90 anos, escolhe a luxúria como forma de provar a si e ao mundo que ainda está vivo.

O título do livro, dependendo de grau de moralismo de cada um, pode levar o leitor mais apressado a ficar com um pé atrás e questionar se não está diante de uma história de insólita libertinagem ou se o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura teria se transformado num velho safado.

Contudo, basta evoluir um pouco na leitura para afastar essas impressões iniciais e perceber que nada disso se confirma no decorrer da obra.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Resenha: "1889" (Laurentino Gomes, 2013)

Ed. Globo, 416 páginas
"República no Brasil é coisa impossível (...) O único sustentáculo do nosso Brasil é a Monarquia. (...) Porquanto República no Brasil e desgraça completa é a mesma coisa." (Marechal Deodoro)

"Vejam os senhores, quem lucrou no meio de tudo aquilo foi o cavalo!" (Marechal Deodoro)

Último livro da famosa trilogia sobre a formação do Brasil enquanto nação, "1889" mantém a linha proposta pelo autor, o jornalista paranaense Laurentino Gomes, apresentando vasto cabedal de informações de forma clara e cativante. Sua abordagem do tema tem mostrado a muito brasileiro recalcitrante que leitura e História são sim atividades tão prazerosas quanto interessantes, reavendo, nos corações de estudantes e curiosos, o sentimento único na espécie humana que a faz voltar seus pensamentos para o passado em busca de respostas, por meio dum estilo redacional jornalístico, que mostra tão atuais como relevantes os acontecimentos pretéritos que confluíram para as questões palpitantes de nossa cidadania contemporânea.

Os 24 capítulos do texto propriamente dito são divididos em cinco grupos (sem identificação tipográfica), que abordam facetas distintas do processo que implantou o sistema republicano de governo no país. Além disso, complementa a exposição principal uma cronologia do "fim de século revolucionário" em que se insere o tema da obra, antes da Introdução, e oito lâminas em dois grupos, intercalados no texto, contendo 42 gravuras retratando personagens e eventos históricos mencionados.

A Introdução e os capítulos são sintetizados abaixo.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Resenha: "1822" (Laurentino Gomes, 2010)

Ed. Nova Fronteira, 351 páginas
“1822” é o segundo livro da série escrita por Laurentino Gomes para retratar os principais acontecimentos da história brasileira ao longo do século 19. Abrange o intervalo compreendido entre o retorno da família real a Lisboa e a morte de D. Pedro I. A fórmula de sucesso de “1808” foi mantida: há um instigante resumo-do-resumo na capa e o texto é leve e descomplicado, mas ao mesmo tempo detalhista e repleto de referências bibliográficas, permitindo que o leitor reconstrua, de forma confiável, a realidade daquela época.

Embora muito parecido com o antecessor no formato, “1822” é mais gostoso de ler. Nele, não ocorreu a abordagem exaustiva de figuras pouco importantes para o desenrolar dos fatos (caso do arquivista José Joaquim dos Santos Marrocos e sua família, que receberam uma atenção especial em “1808”). Além disso, a mistura de sentimentos que a narrativa evoca é mais diversificada, trazendo doses de humor (presente, por exemplo, na descrição do grito da Independência, dado por um príncipe transtornado pela diarreia), drama (confira a trajetória de vida da princesa Leopoldina e a solidão do pequeno Pedro de Alcântara), erotismo (que permeiou a relação entre D. Pedro I e Domitila de Castro Canto e Melo, a marquesa de Santos) e heroísmo épico (principalmente no penúltimo capítulo, sobre as lutas travadas pelos liberais até vencerem o exército absolutista em Portugal, contrariando todas as probabilidades de fracasso). 

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Resenha: "O estrangeiro" (Albert Camus, 1942)

Ed. Record, 122 páginas
"Compreendi, então, que um homem que houvesse vivido um único dia, poderia sem dificuldade passar 100 anos numa prisão. Teria recordações suficientes para não se entediar" (Meursault, protagonista de "O estrangeiro").

Este é o primeiro romance do filósofo franco-argelino Albert Camus (pronuncia-se /albérr kãmü/, com "biquinho"), laureado com o prêmio Nobel de 1957 "por sua importante produção literária que, com clarividente seriedade, ilumina os problemas da consciência humana em nossos tempos". É considerado uma das mais espetaculares estreias literárias de seu século.

O enfoque de Camus é corriqueiramente classificado como existencialista, o que o associa, a contra-gosto, a Sartre, embora sempre referisse a si mesmo como "filósofo do absurdo". Produzindo nessa linha, Camus espera que os paradoxos propostos em sua obra promovam o debate público, o que, no caso de "O estrangeiro", gira em torno da questão quanto a se o alheamento de uma pessoa aos sentimentos de seu tempo e cultura permitem-nos pelo menos presumir sua inocência.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Resenha: "Admirável mundo novo" (Aldous Huxley,1932)

Ed. Globo (2009), 398 páginas
"Cada vez que as massas tomavam o poder público, era a felicidade, mais do que a verdade e a beleza, o que importava"

"E se...?". A faculdade de imaginação praticamente impossibilita o homem de permanecer inculpe no exercício de seu livre-arbítrio. Aldous Huxley propõe nesta obra um formidável desdobramento ficcional de decisões e valores que vêm se formando e intensificando desde que a Ciência e a Tecnologia, ao contrário do sábado, deixaram de ser feitas para o homem, e restringiram a uma única alternativa a solução para a felicidade, cujo conceito também se restringiu a standards praticáveis em esteira de produção.

De fato, retomando a antiga ferramenta lógica do "reductio ad absurdum" (redução ao absurdo), de que Platão se valeu para a construção de sua "República", Huxley erige uma utopia no ano 2540 d.C. como conseqüência de premissas já assentes na constituição moral da sociedade no início do séc. XX. Data emblemática desta "transvaloração de todos os valores", como diria Nietzsche, o ano da fabricação do primeiro automóvel Modelo "T", 1908, torna-se o marco inicial desta nova era que deixou para trás "uma coisa chamada Cristianismo", "uma coisa chamada Deus", "a liberdade de ser ineficiente e infeliz" e "a ética e a filosofia do subconsumo".

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Resenha: "1808" (Laurentino Gomes, 2007)

Ed. Planeta: 367 páginas
"Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil".

Laurentino Gomes, jornalista, membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, já coloca na capa do livro informações a respeito da sua obra que nos fazem, no mínimo, ficarmos curiosos com o que será apresentado. Trata-se de conteúdo com o qual todo estudante já teve contato, sabendo sua trajetória e desfecho: a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil, em fuga à investida de Napoleão Bonaparte na Europa. O diferencial, contudo, é o estilo da abordagem: o autor consegue transformar um evento histórico em algo "jornalístico", fazendo-nos sentir como se vivêssemos os acontecimentos naquele momento.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Resenha: "Há dois mil anos" (Chico Xavier, 1939)

FEB, 495 páginas
"A expiação não seria necessária no mundo, para burilamento da alma, se compreendêssemos o bem, praticando-o por atos, palavras e pensamentos" (Emmanuel)

Para o cético, a autoria desta obra cabe ao mineiro Francisco Cândido Xavier (1910 - 2002), de cujas mãos saíram mais de 400 obras, muitas das quais com tiragem de milhões de exemplares, portanto entre os títulos mais lidos da produção literária nacional. Dessa forma, sendo Chico Xavier o autor, por que então seu nome não figuraria na galeria dos grandes escritores brasileiros?

Para milhões de espíritas e simpatizantes, porém, "Há dois mil anos" foi produzido através de um fenômeno mediúnico chamado "psicografia", por meio do qual uma entidade espiritual se manifesta no plano material e dirige um veículo humano, o médium, para a escrita de suas ideias. Aliás, por esse motivo, Chico Xavier renunciou aos direitos autorais de todo seu trabalho porque "os livros não são meus, são obra dos espíritos".

Considerado um dos dez melhores romances espíritas do século XX, "Há dois mil anos" surpreende por seu valor literário e espiritual. De fato, a obra trata de acontecimentos do primeiro século, entre os anos 32 d.C e 79 d.C., cujos desdobramentos trazem ao primeiro plano dramas psicológicos intensos vividos por personagens marcados por tragédias em amplos aspectos da experiência humana (doença, crise conjugal, desvarios de sensualidade, cobiça, orgulho, vingança, etc.) mas também por culminâncias das potencialidades muitas vezes ignotas do Homem, na fidelidade, na amizade, no perdão e, acima de tudo, na conquista da fé.

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